Inclusão Social nas Escolas
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A Seriedade da Educação Inclusiva


Inclusão Social nas Escolas


Estamos vivendo um momento histórico de extrema relevância social. Em todo o mundo, vem acontecendo uma série de debates a respeito da diversidade humana. Pretendo, neste momento, dialogar sobre os desafios da inclusão social nas escolas e suas implicações para a prática escolar. É interessante atentar-se que os desafios educação inclusiva não implica somente em aceitar a matrícula do educando no sistema de ensino. Diz respeito a um conjunto ético e de normas que respeite, aceite e possibilite o acesso e a permanência de todas as pessoas, garantindo-lhes uma escolarização em que os alunos possam desenvolver competências e habilidades. Dentro desse contexto, no ambiente escolar, só existe inclusão, de fato, se o aprendiz tem aproveitamento do processo ensino-aprendizagem no seu rendimento escolar. Sem conhecimento, sem cultura e sem aquisições pedagógicas, não se pode falar em inclusão. O conhecimento histórico nos informa que na Antiguidade pessoas com deficiência eram mortas. O nascimento de indivíduos com deficiência era visto como castigo; eles eram encarados como feiticeiros ou como bruxos. Há ideias que vão justificar essas práticas na seguinte ótica: se somos a imagem e semelhança de Deus, e Ele é perfeito, uma criança “imperfeita” só pode ser algo do mal.


Com o advento do cristianismo no Império Romano, a Igreja combateu, por exemplo, a eliminação dos filhos nascidos com deficiência. E foi a partir do século IV que surgiram os primeiros hospitais que abrigavam indivíduos com incapacidades. Estes, com objetivo de abrigar, proteger e educar, acabavam excluindo-os da convivência social.


Na Idade Moderna, surgiram novas ideias e transformações marcadas pelo humanismo. No século XIX, começou-se a ter uma atenção mais especializada e iniciaram-se os estudos para as demandas de cada deficiência.


O século XX foi marcado por muitas mudanças de paradigmas. Ele trouxe consigo muitas leis e avanços importantes para a sociedade em geral e para os indivíduos com determinadas privações, sejam físicas, motoras, orgânicas, psíquicas, dentre outras. Exemplos desse episódio é a inserção de ajudas técnicas: bengalas, cadeiras de rodas e o sistema de ensino para cegos e surdos.


E, no século XXI, a grande conquista é a aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que reforça uma bagagem de direitos. Dessa forma, pode-se notar que a Educação Inclusiva está pautada basicamente no tripé: acessibilidade, mobilidade e materialidade.

  • Acessibilidade se refere ao acesso à aprendizagem. Ensino de braile, de libras, confecção de materiais diferenciados são ações que visam promover o acesso dos educandos à aprendizagem, portanto são ações de acessibilidade.

  • Mobilidade vai de encontro ao modo de deslocar-se. Rampas, elevadores, guias para deficientes visuais, entre outros.

  • Materialidade refere-se a qualquer instrumento necessário ao aluno para que ele possa ser incluído, como, por exemplo, pôr guizos nas bolas para que os deficientes visuais as sigam pelo som ou quando substituímos os apitos por bandeiras coloridas na arbitragem dos jogos para que os surdos possam participar, estamos desenvolvendo ações ligadas à materialidade.


Os sistemas de ensinos na inclusão devem propor e utilizarem o tripé como meio de contribuir, auxiliar e desenvolver no estudante qualidades e progressos para o cotidiano escolar, familiar e social. O Atendimento Educacional Especializado (AEE) utiliza a materialidade para promover ações de acessibilidade. Criar estratégias para que o discente possa instruir-se melhor são atribuições do AEE, por exemplo. Vale ressaltar que o profissional especializado é diferente do especialista. O atendimento com especialistas (fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, etc) é da área da saúde, e não de competência escolar.


A migração de novatos com necessidades especiais nos traz inúmeros desafios, isto é, novos ritmos de aprendizagem.

  • Autistas precisam de rotina rígida.

  • Crianças com síndrome de Down precisam de repetição.

  • Surdos precisam de olhar fixo.

  • Aprendizes com transtornos e déficits reais têm limitações para aprender alguns conteúdos e precisam de metodologias diferenciadas e por aí vai.

Significa discernir que cada educando tem suas necessidades específicas; portanto, não cabe mais a sala de aula do século XXI, uma metodologia pautada na homogeneidade. É preciso diversificar os momentos e as atividades por meio de estratégias de trabalho mais participativas, por meio de ambientes colaborativos de aprendizagem. Por conseguinte, os métodos avaliativos também devem mudar, pois o ponto de referência do aluno deve ser sempre ele mesmo. Comparações não são bem-vindas, uma vez que cada um possui carências distintas, bem como aptidões, ritmos, desenvolvimento e potencial.


Vários são os meios que podem ser utilizados para avaliar, de modo dinâmico, os caminhos da aprendizagem, como: os registros diários do professor, os porta-fólios e demais arquivos de sondagens de classe. É importante lembrar que o Educador precisa acompanhar as mudanças ocorridas em seu meio, preparando-se através da formação contínua e buscando novos percursos cognitivos.


Concluo com a seguinte reflexão: para que a inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino se efetive, a parceria família-escola é um elo crucial no desenvolvimento da aprendizagem e, simultaneamente, o investimento na preparação dos professores para lidar com essa nova realidade, como já fora mencionado anteriormente. As políticas públicas para a inclusão devem ser concretizadas na forma de programas de formação continuada, participativa e com acompanhamento contínuo, que orientem o trabalho docente na perspectiva da educação inclusiva. A Educação Inclusiva traz ganhos não somente para os indivíduos com deficiência, mas para toda a sociedade, principalmente quando se quebra “o projeto de aluno ideal” que as escolas arquitetaram e investir em inclusão social nas escolas.

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